Lidere Como Um Jardineiro

Liderança

Lidere Como Um Jardineiro

Karine Borges
Escrito por Karine Borges em 26 de junho de 2023
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Um líder consciente nasce assim, consciente? Certa vez em um programa de TV, o jornalista me fez essa pergunta e depois dela eu não fui mais a mesma.

“Eu acredito que na base de um líder existem muitas coisas que podem influenciar a sua forma de liderar, desde a sua personalidade, criação, religião, família, cultura. Mas eu acredito também que é possível um líder tornar-se mais consciente, se ele quiser”.

Eu saí do estúdio pensativa com a minha resposta.  Não tenho dúvida de que a base de um ser humano, tem capacidade de influenciar o líder que ele será, mas sinceramente, eu não acredito que influencie mais do que a capacidade do querer.

Reflita comigo, quantos líderes você conhece, você sabe que tiveram uma boa criação, tem boas intenções, mas que a sua forma de liderar não condiz em nada com ela?

Eu não preciso ir muito longe para buscar exemplos, eu tive um pai que liderava 100% sob o modo comando e controle. Enquanto trabalhei com ele, experimentei o pior exemplo de liderança, era como morrer todos os dias um pouco.

Assim como meu pai, conheço muitos líderes que têm o desejo de fazer o bem, mas quando aperta no bolso, pode esquecer, o desejo que importa é apenas o seu. Desejar não basta, é preciso querer ser melhor.

E como diz o cofundador do Capitalismo Consciente, Raj Sisodia,

“O líder que você é, passa pela pessoa que você é”.

Então eu te pergunto, quem é você? Quais são seus valores? Como você administra os seus sentimentos? Como você trata as pessoas? O que você faz quando ninguém está olhando?

Eu conheci um líder de uma grande corporação, que toda vez que ele tinha que tomar decisões difíceis, toda vez que as coisas não saiam conforme planejado, ele ia para o jardim da empresa para cuidar das flores, podar os galhos, tirar as folhas secas. O jardim é lindo.

Ele encontrou a sua forma de lidar com os desafios e com os sentimentos que tiram ele do controle. Ressignificou esses momentos, ao invés de descontar nos outros a sua raiva, de querer que tudo saia do seu jeito, ele decidiu aprender a cuidar, a colocar amor onde não existia e a respeitar o florescer de cada pessoa.

Ser uma pessoa melhor exige buscar o autoconhecimento dia após dia, entender aquilo que você é bom e aquilo que você não é. Identificar os gatilhos que despertam o que há de bom e ruim, e criar maneiras de lidar, é uma das maneiras de aprender a ser um líder melhor, mais consciente do impacto da sua liderança.

Talvez a parte mais difícil de ser um líder jardineiro é esperá-las florir, serem protagonistas, é algo que foge do seu controle.

Independente se você lidera uma, mil ou mais de mil pessoas, cada uma irá florir no seu tempo. Alguns não irão e simplesmente se vão, pois não se encaixam no seu jardim. Outros lutam bravamente com os desafios do dia a dia, uns irão vencer, outras simplesmente desistirão. E terão aquelas que com muita facilidade desabrocharão como se fossem feitas para estarem no seu jardim.

Se você consegue enxergar as mesmas situações no seu negócio, é porque mesmo você sendo um líder jardineiro, você não conseguirá fazer com que todos queiram estar no seu jardim. E tudo bem!

Mas sabe qual é a maior mágica em tudo isso? É que você pode presenciar o desabrochar de cada pessoa. É lindo ver cada uma começando a andar sozinha, entendendo o seu papel e replicando as boas atitudes de um líder que fez do seu servir um ato de amor e cuidado com o próximo.

Parece cansativa essa coisa de querer ser um líder melhor, não é? Liderar não é fácil mesmo, independente da forma que você escolha, o que eu posso te afirmar é que quando você busca o equilíbrio entre uma liderança humana e uma liderança de comando e controle, você conquista discípulos, seguidores, e a sua liderança começa a ser compartilhada, passa a ser mais leve e com mais significado.

Nessa jornada de querer ser uma liderança melhor, uma liderança consciente, eu vivi em 2018 uma espécie de “crise existencial”. Por que eu faço o que eu faço? Por que e para quem eu quero ser melhor?

Talvez você, assim como eu na época, tenha ouvido falar na palavra propósito e tenha achado algo tão distante, subjetivo, mas tenha entendido a sua importância.

Encontrar o propósito, para alguns pode ser fácil, para outros mais difícil, eu mesma demorei uns 2 anos para entender o meu. Nunca vou esquecer como as peças se encaixaram na minha cabeça quando eu tive essa clareza.

O ponto é que não tem mais como a sua liderança ser a mesma, por que agora além de você saber muito bem o porquê você faz o que faz todos os dias, nasce dentro de você uma força pulsante de querer fazer mais e melhor.

Nessa nova fase, posso dizer assim, muitos vão buscar formas de contribuir com a sociedade e comigo não foi diferente. Em 2020 eu escolhi ser embaixadora do Instituto Capitalismo Consciente Brasil e em 2021 tive a honra de me tornar líder da Filial de Cuiabá-MT. E sabe o que eu descobri?

Se liderar pessoas que são remuneradas é um tremendo desafio, liderar voluntários é maior ainda. Esse é com certeza o meu maior exercício de liderança consciente.

A liderança no voluntariado me mostrou algo que eu já sabia, mas que eu só aprendi verdadeiramente depois que eu vivi intensamente uma liderança com propósito e me permiti ser uma líder jardineira, pois assim me sinto.

Grave bem isso.

As pessoas podem até entrar em uma empresa pelo dinheiro, mas não é por ele que elas permanecem. Elas ficam de fato por muitos anos, quando elas se conectam com o propósito da organização e pelo líder que você é.

Uma prova disso, foi o que eu ouvi de um dos líderes que atua no meu conselho, que após passar por uma jornada intensa de dedicação ao movimento local, me parou, olhou nos meus olhos e disse, “eu pensei em desistir, mas quando eu vi tudo que você estava fazendo, vi que eu também precisava fazer a minha parte. Se eu permaneço hoje aqui, é por causa de você”.

Legal Karine, já entendi que ser um líder consciente é uma decisão diária de querer ser melhor, que o autoconhecimento é importante para eu aprender a me liderar antes de liderar os outros e que propósito é o que inspira e engaja as pessoas. Mas e o lucro, onde que fica?

Uma vez uma jovem de 16 anos, em uma palestrava sobre capitalismo consciente para uma escola de ensino médio, me perguntou, “como equilibrar propósito e lucro?”. Questionamento difícil e de gente grande esse, mas foi ali que para mim tudo fez ainda mais sentido sobre o processo de evolução de uma liderança consciente.

A resposta que eu dei a ela, é a mesma que eu vou te trazer aqui:

Alguns negócios nascem com um propósito claro, mas a maioria não. A maioria nasce para lucrar e está tudo certo, afinal, antes de tudo um negócio precisa ser sustentável. Gosto de olhar para o negócio como uma balança, no começo as decisões estão mais pautadas no lucro do que no propósito e com o passar do tempo o propósito vai se tornando mais importante e mais vivo nas decisões, o lucro nunca perde a sua importância, mas ele adquire um novo significado, agora não tão imediatista e egoísta.

Um líder consciente é o que eu chamo de guardião do propósito, é ele quem o mantém vivo através das suas decisões e atitudes.

Não é minha pretensão com esse artigo que você adquira como hobby a jardinagem e nem que você tenha um jardim na sua empresa. Mas se você decidir a partir de agora liderar como um jardineiro, tenho certeza de que os desafios não serão mais parte dos problemas, mas, oportunidades para ir além

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*conteúdo também publicado na revista Coaching Brasil

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